sexta-feira, maio 29, 2009

Internamento!

Depois de algum tempo de grande preocupação, instabilidade, desequilíbrio, confusão total, alheamento, debilidade física e emocional, finalmente Ele foi internado.
Ela, sem tempo de cá vir e escrever o que a cabeça dita e as mãos por vezes não conseguem transmitir. Há momentos assim, em que o silêncio sabe bem, nos aconchega e sossega. Aqueles momentos que nos resta ao fim do dia com a casa vazia, longe do bulício da grande cidade, protegidos do grande calor que se tem feito sentir nestes últimos dias e podemos finalmente pensar! Pensar em mil e uma coisa! No tudo e no nada. No bom e no mau. No que fizemos ou não fizemos e no que poderíamos ter feito e não fizemos. Hora de balanço emocional! Invade uma sensação de alivio e culpa. Sente-se a ausência de quem já estávamos habituados a tratar e a vigiar. O quarto vazio, a cama desfeita, a janela aberta.
Ela aguarda notícias do tratamento a que Ele será submetido, radioterapia à cabeça possivelmente, dizem, depois de fazer um TAC saberão o caminho a seguir. Está demasiado debilitado, demasiado cansado.
Depois da frase "final de linha", Ela lutou com quantas forças tinha para que alguém se interessasse por Ele, recusou aceitar o que "todos" diziam ser o caminho certo a seguir, ficar em casa à espera do fim! Falou com meio mundo, pediu ao outro meio, passou horas nas urgências, chamou os bombeiros, o INEM em momentos de grande aflição e finalmente alguém a ouviu e o internamento fez-se de um momento para o outro, sem que antes mil e um problema não lhes fossem levantados. Principalmente a falta de transporte para o Hospital de Santa Maria! Carro particular estava fora de questão, devido ao estado em que Ele se encontra e a ambulância do Bombarral pediu 85€ para o transportar, mesmo sendo sócios. Teve de ser o Hospital e o incansável Dr. Renato do serviço de pneumologia a quem estão eternamente agradecidos, a facultar esse serviço, mas mesmo assim não chegou, teve de ser o Centro de Saúde do Bombarral a passar um termo de responsabilidade para o efeito. Se assim não fosse, o doente tinha de ir para o Hospital da sua área de residência, neste caso o Hospital das Caldas da Rainha, dar entrada, ser internado e depois de fazer exames seguir finalmente para Lisboa. Passaram-se hora de aflição, de algum stress. Tinham de estar no H. Santa Maria às 3 horas da tarde já passava das 13H e nada feito. Tiveram de ir buscar o "papel burocrático" em mão e entrega-lo aos Bombeiros e só depois o doente foi finalmente levado para a cama que o esperava numa enfermaria do piso 9 do Hospital de Santa Maria, onde era esperado pela equipa médica e de enfermagem. Aqui tudo perfeito, profissional e humanamente. Ele, indiferente a tudo, o pensamento e a palavra num outro lugar. Ausente, distante, sorri e vai dizendo que está menos mal!!
Cada etapa desta doença, está a deixá-los desesperados com a falta de humanidade e de solidariedade, mesmo em momentos "destes", em que a vida conta a cada segundo é mais importante um papel do que a vida humana.
Sra. Ministra da Saúde, por favor, olhe e veja à sua volta tudo de errado que se passa no seu ministério.

14 comentários:

Anônimo disse...

Amiga, nem sei que lhe dizer....
É verdade, pedem nos papeis e papeis, enquanto corremos contra o tempo....
É verdade Amiga, que parece que ninguem nos ouve, quando em desespero pedimos ajuda.....
É verdade amiga, que o nossa angústia passa ao lado de muta gente.....
Mas sabe, no meio dessa correria, o que conta é que voçê conseguiu tudo, que o seu marido já está no Hospital que devia estar, a fazer o que é necessário para a saúde dele.

Para si, desejo que continue forte, aguentando o barco, se vacilar será muito complicado, gostaria de lhe dar um abraço forte,que a ajuda se a descançar.

As melhoras do seu marido, e voçê.... voçê já sabe....
Aguente se Firme, ele precisa de si.
Já sabe estou por aqui.
Beijos
Vanda

Anônimo disse...

Franky

Não fosse a gravidade da situação e quase dava vontade para uma gargalhada de desprezo para com o nosso serviço de saúde.
É uma m****!!!
Felizmente que no meio de tanto faz de conta, tanto papel, encontraram o ledo humano da medicina no HSM.
Nem tudo é mau. Nem todos são alheios à desgraça alheia.

Estás numa fase das grandes decisões. Desde logo, é imperativo que te mantenhas no posto que tão dignamente tens sabido preencher.
O de uma mulher/esposa/mãe.

À espera da decisão que pode ser final. Ou não, nunca se sabe.

Daqui, deste meu canto agora cheio de sol, peço que esta LUZ radiante ilumine o Rui. E que não se esqueça de ti. Também precisas.

Um beijinho e ... força! A que puderes, e mais e mais e mais.

Elvira Carvalho disse...

Amiga, agora já está sob cuidados, já pode descansar um pouco. Sabe que as ambulâncias quando paga um serviço pode depois entregar os documentos e recebe de volta o dinheiro. Aconteceu várias vezes com o transporte de meu pai, não ter a credencial no dia do transporte, e eu ia levar quando tinha e recebia de volta o que tinha pago.
Deixo um abraço amigo e muita Luz.

Anônimo disse...

Vim deixar lhe um beijo.
Vanda

Vera disse...

Muita força nestas horas complicadas... Um beijinho grande

São disse...

Beijinho grande.

Franky disse...

O Rui continua em Santa Maria, está a fazer exames, TAC e Ressonância Magnética à cabeça para ver até onde a doença se estendeu. Está mais calmo e sereno, menos agressivo e mais "presente". Vamos ver nos próximos dias como será o comportamento dele, está medicado e bem assistido. Felizmente e finalmente o Rui encontrou o que qualquer doente neste caso merece ter. Não só assistência médica adequada, como humanidade da parte de todo o pessoal médico, de enfermagem e pessoal auxiliar.

Um beijinhos grande para todos e um obrigada de coração.

Anônimo disse...

Frank, ainda bem, que já tudo está encaminhado.
Vai ver, que agora com os cuidados devidos, ele irá recuperar bem.
Beijos
Vanda

Carecaloira disse...

Peço desculpa pela ausência na escrita mas estou sempre por aqui.

Agora com tudo mais encaminhado tenho a certeza que ele irá recuperar.

Muita força e coragem.
Não deixe de acreditar.

Um beijinho

Elvira Carvalho disse...

Franky passei para saber do Rui e deixar um abraço de esperança.

Franky disse...

Olá Amigos

Ontem o Rui esteve muito agitado, deve ter tido uma noite nada fácil. hoje estava mais calmo mas mais debilitado, segundo informação da médica terá uma consulta de neurologia e fará brevemente uma punção lombar para saber a extensão da doença. Está cada vez mais difícil a caminhada.
É muito difícil de entender este sofrimento, esta degradação física e mental. Como "falávamos" à pouco num outro blogue (Observador) é por vezes difícil de entender e de aceitar o porquê disto tudo.
Um beijo grande para todos

Anônimo disse...

Não é difícil entender, Franky.
O que será difícil e mesmo doloroso é aceitar.
São reacções próprias.
Ainda bem que agora, o Rui está em boas mãos, clinicamente falando.
Técnica e humanamente.

As visitas que por aqui andam (Vanda, Elvira, Vera, São, Marina (Careceloira) e esse tal de Observador são tramadas. E tu não te safas, Franky.
Em vez de falarem num cosido à Portuguesa (ai que agora ia) falam de médicos, doentes e outras peças do sistema.

Balha-me Deuzeze.
Não havia necessidadeazeazeaze.

Beijocas e fiquem todos bem.

Um abraço para o Rui.

Anônimo disse...

Olá Amiga, um dia de cada vez, não perca a esperança.
Beijos grandes para si e já agora se me permite outro para o seu marido.
Força
Continuo por cá
Vanda

Franky disse...

Obrigada Observador pela tua graça, estava a fazer falta. Tens razão amigo, há altura da vida que a caminhada é bem difícil e tudo converge à volta do mesmo tema, neste caso a saúde ou a falta dela.
Mas tens razão, mais uma vez te digo e se calhar porque no meu caso não falo na primeira pessoa e por isso mesmo tenho necessidade de abordar outros assuntos, de rir, de me irritar com as senas do quotidiano, enfim é a vida a correr ao meu lado e eu tenho de apanhar o comboio pois de outra forma corro o risco de o perder.
Em questão de culinária, podes crer que a comida é também uma das nossas preocupações, o que faremos para a refeição seguinte, o que vamos comprar para a confeccionar-mos, onde comprar mais barato e mais fresco, olha, uma grande canseira.
Beijinhos