Portugal mantém-se em alerta, face ao "potencial risco pandémico" de um novo vírus da gripe suína, que já provocou dezenas de mortes humanas no México, com cerca de mil infectados, e progrediu para os Estados Unidos, numa situação ontem considerada "muito grave" pela Organização Mundial de Saúde. Em Portugal, as autoridades alertam para que os casos suspeitos em Portugal sejam examinados em laboratório.
Os serviços da Direcção-geral de Saúde reuniram-se ontem, de emergência, para definir as directrizes para os médicos, mesmo que, garantem, "não existe até ao momento conhecimento de casos em Portugal".
Classificados como casos suspeitos de infecção pelo vírus H1N1, a carecer notificação imediata, estão as infecções respiratórias de início agudo, com febre alta, em doentes que tenham estado na zona afectada nos últimos dez dias ou tenham mantido contacto próximo com pessoa engripada proveniente do México, Estados Unidos, ou Canadá, onde também já são conhecidas situações.
De acordo com o comunicado ontem emitido pela DGS, todos os casos de síndroma gripal suspeitos devem ser confirmados laboratorialmente e comunicados ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. E, nos mesmos casos, os profissionais de saúde devem utilizar medidas de protecção individual, como máscaras.
Todos os cuidados são poucos, porque, como referiu ontem a directora-geral da OMS "trata-se claramente de um vírus animal que se transmitiu ao Homem e isso tem um potencial pandémico, porque está a afectar pessoas". Margaret Chan disse que, apesar de ainda ser cedo para afirmar se vai ocorrer uma pandemia, a situação "está a evoluir muito rapidamente", sendo o grupo mais afectado o dos jovens adultos saudáveis, que habitualmente não tomam vacinas para a gripe. Nos EUA foram identificados oito casos.
O vírus em causa é de gripe A, designado como H1N1, contendo no seu ADN uma mistura até agora desconhecida de vírus aviários, suínos e humanos, incluindo elementos dos vírus suínos europeus e asiáticos, explicou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). A vigilância da gripe tem sido intensificada desde 2003, quando a gripe aviária H5N1 reapareceu na Ásia. Desde então os especialistas temem que essa ou outras variedades possam desencadear uma pandemia capaz de provocar milhões de mortes. A DGS assegura que está a acompanhar a situação e em contacto com a OMS, em Genebra e o Centro de Controlo de Doenças, em Estocolmo.