sexta-feira, janeiro 30, 2009

Processo RVCC




Com tudo o que me tem acontecido ultimamente não dei o devido destaque ao meu curso de RVCC. Porque envolveu profissionais que eu admiro muito, formadores de alta qualidade, sinto-me na obrigação de falar dele no meu blogue.

Voltar a estudar, para além de ser um sonho, era também para mim uma necessidade, principalmente com o desenrolar dos últimos acontecimentos.
Os sonhos são feitos de ilusões, de imaginários. O meu não era diferente de todos os outros. Sempre quis saber mais, não saber mais que os outros mas tanto como os outros. Saber o porquê dos porquês. Responder a cada incógnita que a vida me apresenta. Entender a filosofia dos grandes pensadores.

Agostinho da Silva, pensador controverso e enigmático. Grande mestre do sonho e da utopia que eu admiro particularmente, mas que por vezes não consigo entender tão bem como gostaria, falta-me o entender das palavras enigmáticas, ditas com sabedoria. Deixou-nos ele como ensinamento da palavra dita a seguinte frase!

“Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você”.

E eu tinha agora a hipótese de pensar por minha vontade própria.

Um dia alguém comentou perto de mim sobre as Novas Oportunidades, RVCC (Reconhecimento, Certificação e Validação de Competências). Perguntei o que era e como funcionava. Ouvi falar em “facilitismo”, em estatísticas, em interesses políticos. Como todas as boas ideias, podem ser bem ou mal aproveitadas e interpretadas. Na minha opinião o Processo RVCC pareceu-me um boa ideia e algo a não perder. Fiquei interessada, não pelo “facilitismo” mas pela possibilidade que me oferecia de conseguir tirar o 9º e quem sabe o 12º ano.

Pensei que o melhor seria pesquisar na Internet sobre o assunto e aí eu teria toda a informação que me interessava. Depois de ler tudo que encontrei sobre o tema em causa, decidi inscrever-me. Fiquei ansiosamente a aguardar que fosse chamada. Pouco tempo depois estava em pleno funcionamento e com uma vontade enorme de aprender.

Conheci bons profissionais que me ajudaram a conhecer um Mundo Novo até aí desconhecido para mim. Não encontrei facilitismo, nem amadorismo, só empenho e bons profissionais. Trabalhei empenhadamente na elaboração de cada tarefa, sempre com a ajuda e colaboração dos formadores, João, (MAT), Henrique, (TIC), Maria do Céu (CE/ LC) e da minha Profissional de RVC, Mónica Coelho.
Estou plenamente convencida que sem eles esta minha experiência não teria tido o sucesso que teve.

O processo em si é enriquecedor, principalmente a nível do conhecimento geral, e dando resposta a quem ao princípio me falou em “facilitismo” e estatísticas, quero dizer que tenho muito orgulho em ter obtido o 9º ano através deste Processo. Trabalhei muito, empenhei-me ao máximo, quer na matemática, como em TIC ou na elaboração cuidada e caprichada do Dossier de Vida.

A minha vida, passada e presente ia surgindo devagar, naquele Dossier de Vida, os sentimentos iam sendo aflorados, revivendo os tempos de criança, e depois em jovem e adulta, recordando com saudade aqueles que já partiram e que estão ainda tão presentes em mim, mexi em tanta coisa que parecia adormecida, e afinal está ali tudo bem patente. O passado trazido à tona de água, nas palavras escritas e nas imagens expostas, misturados com sentimentos variados, uns bons outros nem tanto, os sonhos vividos, outros simplesmente adiados, e a fragilidade com que se fala de nós próprios.

Em matemática, apresentaram-me um tal de Pitágoras que eu não conhecia de lado nenhum, trazia com ele a Hipotenusa e os amigos Catetos, e para espanto de todos cá em casa eu passei a falar dele, o Pitágoras, com a maior facilidade, entretanto vieram as Razões Trigonométricas, os Ângulos e Figuras Geométricas, e outras coisas que infelizmente nunca tinha tido oportunidade de aprender e agora tinha passado a ser uma realidade.

Passei muitas horas ao computador, pesquisei mil e um assuntos pela noite fora, descobri matéria que de outra forma nunca teria sabido, troquei horas de sono por horas de trabalho e labutei sem fins-de-semana, sem horas de lazer. As coisas com qualidade constroem-se e lutam-se por conseguir obtê-las.

Quem pensa que este processo é mais fácil que o ensino regular, engana-se completamente. Ninguém pode imaginar o esforço que é necessário fazer, para pessoas adultas, com vidas complicadas, umas trabalhando arduamente durante todo o dia, outras, como o meu caso, com familiares doentes que deixam a cargo de outros, para à noite, por algumas horas apenas, terem a coragem de ir para uma sala e esquecer por momentos tudo o que deixaram lá fora.
Vidas feitas de mil e um pedaços, com anos e anos de paragem no ensino, são estas pessoas que vão tentar dissociar-se dos seus problemas, e tentar conseguir com êxito todo o esforço despendido.

Porque não temos tempo a perder e porque a esperança de encontrarmos um outro mundo, onde os iletrados não têm lugar, nos dá uma força maior. Por isso queremos vencer.

Li, Ouvi, Vi e Pensei, por mim própria, nunca pelos outros, por isso hoje sou maior de mim. A todos vós, formadores e aos meus familiares pela sua compreensão, agradeço de coração a vossa ajuda neste esforço, de hoje eu ser superior ao que era ontem.

Lembrando uma frase de Fernando Pessoa

“Tenho em mim todos os sonhos do mundo."

É é por eles que eu me mantenho viva.





6 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Que bom amiga, que apesar de tudo o que lhe aconteceu ultimamente, tenha conseguido realizar esse sonho. Fico feliz por si.
Deixo um abraço para vós, e desejos de um bom fim de semana

Anônimo disse...

O RVCC é uma boa intenção.
Resta saber se corresponde às expectativas.

Fazes bem em estudar. Com as "novas oportunidades" ou com outro sistema qualquer.
Porque te ajuda a passar o tempo e a aprender qualquer coisa. Ou muito.

De uma coisa temos a certeza: estamos em permanente estádio de aprendizagem. Até à morte.

Franky disse...

Olá Elvira

Pois é amiga agora já não paro, só se não poder. Terça-feira tenho reunião marcada, na escola, para escolher o curso a seguir.
Que Deus me ajude e a mim não me faltem as força para seguir em frente.
Beijinhos

Franky disse...

Olá Observador.
Em relação ao processo RVCC, até agora ainda não encontrei nem obstáculos nem facilidades, mas sim e só vantagens. Se eu poder juntar a isso tudo um conhecimento maior e uma mais valia que me valorize e me promova a ser alguém melhor do que eu sou, a nível intelectual, pois tentarei aproveitar tudo o que me ofereçam e que a mim me satisfaça. Estes cursos são pensados em quem os sabe aproveitar e quem se queira valorizar.
Beijinhos e resto de Bom Domingo.

Sérgio Pontes disse...

Olá,

Tambem estou a iniciar o processo de RVCC, e precisar de consultar trabalhos feitos, de modo a ter umas luzes de como organizar o meu portefólio, porque sinceramente estou a ficar desesperado.

O meu contacto é sergio.pontes@gmail.com.

Se alguem me puder ajudar, eu sinceramente agradeço

Franky disse...

Olá Sérgio
Terei todo o prazer de o ajudar no que poder e no que souber a nível do portefólio. O processo RCVV para mim foi muito enriquecedor. Valeu a pena, até porque serve de trampolim para novos desenvolvimento a nível cultural.