sexta-feira, abril 24, 2009

Recordações de ABRIL



Naquele dia, 25 de Abril de 1974, abriram-se as portas para que eu hoje pudesse ter e escrever num blog.

Abril SEMPRE!

6 comentários:

Anônimo disse...

A intenção de Abril.
Pois.
Como se Abril tivesse sido um sonho.
Para alguns, como eu, foi uma esperança.
Ao longo dos anos isto passa.
E tem passado.
Infelizmente.
Um 25 de Abril só para termos um blogue e poder falar é pouco, Amiga. Muito pouco.
Há quem continue a comer tudo e a não deixar nada.

Franky disse...

Para mim não é pouco, é muito mais do que tínhamos naquele tempo. Mesmo com a ineficácia, mesmo com os erros, mesmo com os desencantos, o 25 de Abril valeu a pena. E tê-lo vivido e senti-lo com a nossa própria experiência é ainda mais engrandecedor. Depende de nós, não deixar cair os ideais de Abril. E lembrá-lo todos os dias nas mais pequenas coisas.

Jon disse...

"...Depende de nós, não deixar cair os ideais de Abril. E lembrá-lo todos os dias nas mais pequenas coisas..."Disseste tudo, Franky!!!!
O 25 de Abril é para Sempre mesmo e é bom que nunca caia no esquecimento.
Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

Onde estava eu no 25 de Abril? A morar, na Av. de S. Paulo, frente há igreja Ѫ Sr.ª de Fátima, aquela mesma onde o Papa esteve o mês passado. E a trabalhar como secretária (lá chamavam assim) no Colégio dos Irmãos Maristas. Era eu a responsável pela secretaria, e por tudo o que passava por ela. No dia 25 de Abril, cheguei ao emprego e liguei o rádio e só se ouviam, músicas clássicas. Nada de notícias. Quando os alunos começaram a chegar acompanhados dos pais, (a grande maioria, eram militares) alguns contaram aos irmãos que se falava, de uma revolta na metrópole (também era assim que se designava Portugal, pelos residentes, excepção feita pelos nativos que chamavam a Portugal, o puto, por ser muito pequeno em relação a Angola).
Tentei telefonar à minha irmã que trabalhava em Lisboa, na Almirante Reis, mas não consegui. Durante todo o dia o tentei e nunca o consegui. À noite, a rádio interrompeu a música e deu a informação do que tinha acontecido, com uma informação curta e pouco esclarecida, como se temessem que a revolta ainda fosse esmagada e voltasse tudo ao mesmo. Só a meio do dia 26 se soube realmente o que tinha acontecido.
As coisas não seriam assim hoje, mas naquela altura Angola ainda não tinha televisão, e os jornais e rádio só emitiam aquilo que a PIDE deixava.
Depois foi mais de um ano de uma vida de guerra. Musseques incendiados, mortes, recolheres obrigatórios, todo o espaço ao ar livre do Colégio, foi ocupado por tendas militares, onde dormiam os residentes dos musseques incendiados e saqueados. Chegaram a estar mais de mil pessoas incluindo crianças, a maioria de raça negra, mas também alguns brancos. A tropa mandava para lá as refeições, e eu e os irmãos, fazíamos a distribuição. É que o Irmão Santini, director do Colégio, era também o mais alto representante da Cáritas em Luanda.
Daí que íamos também a alguns musseques, especialmente ao Cazenga, para levar ajuda àqueles que lá estavam.
Como vê eu não vivi, nada daquilo que vocês lembram com saudade. E quando vim já foi em Agosto de 75, pouco antes da independência de Angola que foi em Novembro.
Não concebo uma vida feliz sem Liberdade, e sei bem como era antes do 25 de Abril.
Mas Liberdade sem pão, também não faz ninguém feliz e vejo como vive grande parte do país.
Penso que os objectivos do 25 de Abril, ficaram só pela metade, e mesmo essa metade, vejo-a cada dia mais ameaçada, pelos falsos democratas que nos governam.
Um abraço e bom fim-de-semana

Franky disse...

Obrigada Elvira pelo seu depoimento. Adorei.
Abril não é só uma comemoração, um simples feriado, Abril é uma herança que temos de deixar em muito bom estado aos que vêm depois de nós. Não se pode instalar esta desilusão que já se começa a perceber em muitos rostos.

Bom fim de semana, amiga

Franky disse...

Jon, amigo do coração
Como é bom ouvir (ler) assim a voz dos jovens do meu País. Sentir que valeu a pena. Obrigada

Beijinhos