Era Outono, 5 de Outubro, quando o meu pai partiu, tinha 57 anos.
Muitos mais anos poderia ter vivido perto de nós e muita falta nos fez durante muitos mais anos.
Era um homem da província, educado, culto, inteligente e bonito.
No seu coração trazia sempre o Alentejo! As lembranças da planície ondulante amarela de ouro e o casario branco embalavam as fraquezas do homem na cidade.
O meu pai tinha o Alentejo na alma. E só o abandonou porque outros homens assim quiseram. Abalou do Alentejo com o desgosto no rosto e na voz. Nunca o esqueceu. Não poderia. Era como deixar o passado e uma vida.
A cidade é muito bonita, mas não para mim, dizia ele. Nunca se adaptou à loucura da capital. O movimento frenético de Lisboa, este medo de que amanhã já não é dia, complicava-lhe o sistema nervoso.
A doença nos últimos anos tinha-o deixado debilitado, fraco, adoentado. E um dia, neste dia 5 de Outubro, de repente desligou-se da vida, como se um "clic" tivesse soado.
Li não sei onde que “não cai uma folha sem que lhe seja chegado o momento”! Nesse Outono, 5 de Outubro, chegou a vez de ele partir, já foi à muitos anos, mas é esta saudade que teima em ficar em mim.
Onde quer que ele esteja é Alentejo de certeza.
6 comentários:
Recordações tristes.
Bjs
Muito. Mais agora que nunca.
Só posso deixar um abraço de solidariedade.
A saudade vai viver enquanto você viver.
Um abraço
Um grande abraço também para si Elvira. A saudade é coisa que não passa, só aumenta.
Que descanse em paz.
O teu Pai era um dos meus...
O meu pai, se ainda vivesse, com certeza agradeceria as tuas palavra, porque se sentiria menos só, veria que outros homens sentiam a mesma saudade que ele sentiu. Agradeço por ele, porque eu também trago o Alentejo na alma.
Obrigada
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