Os dias continuam sem alteração para Ele. Dormir e deixar passar o tempo, sem tempo, sem reacção, sem disposição. Cada vez mais longe da realidade, confuso, sem dia nem noite. E sem norte para se orientar.
Hoje foi dia de banho. Ficou zangado. És má, disse, carrancudo. Sem mais palavras, amuado, voltou-se para um cantinho na cama, encolhido, indefeso. Ela não liga e continua o seu papel de "má da fita"! Arruma a cama, o quarto e encosta a janela. Assim ele fica no sossego do quarto envolto em penumbra. É assim que Ele quer ficar! E assim permanece até ser “incomodado” de novo nas horas das refeições e para nova medicação. Volta a adormecer como se há anos não o conseguisse fazer. Não há explicação médica para o que está a acontecer, os médicos não compreendem o comportamento dele. Desistiu de viver? De lutar? Que sabe ela. Fala com meio mundo e bate a muitas portas, para lhe darem alguma (pouca) informação clínica e levam-lhe dinheiro por isso. E fica ainda mais baralhada. Mais confusa.
Porque é que o Ele não reage? Problemas psicológicos, psiquiátricos??A consulta no Centro de Saúde ainda não a conseguiu. Mandam-na sempre ir de madrugada! Nem uma palavrinha ao médico de família consegue, mesmo com o relatório do Hospital de Santa Maria. Burocracia, antipatia, má vontade? Sabe lá ela! Não entende e está a ficar FARTA, desta falta de HUMANIDADE!!
12 comentários:
Uma situação traumática provocada pelo subconsciente, pode ser a causa da sua forma de estar.
Talvez esteja a desistir.
Sente-se frustrado.
Não se sente com força - nem pode ter - e não reage.
Até quando te chama "má" é o subconsciente que lhe está a dar o recado.
Não te sintas culpada de coisa nenhuma.
Tens sido uma grande esposa e mulher.
Não abdiques da Fé e da Força.
Que acredito te comecem a faltar.
Conversa contigo.
Beijinhos
FrankY, quando os doentes estão em sofrimento muitas vezes adoptam uma atitude agressiva com quem os trata. É uma forma do subsconsciente reagir ao medo que a doença provoca neles. É como se nos culpassem de estarem doentes e nós não estarmos. Não se sinta magoada.
Quanto aos médicos de família, nem sei que lhe diga. Tenho a mesma médica há trinta anos e não tenho razão de queixa. Se me sentir mal, e lá for - sem consulta - ela quase sempre me atende. diz-me para ir para casa e voltar a tal hora, normalmente a hora que espera acabar as consultas. E se não me atende nesse dia, marca-me para o dia seguinte.
Já com a médica dos meus pais, é um pavor. O meu pai saíu do hospital a 28 de Janeiro depois da amputação de uma perna, com uma carta para ela efectuar um domicílio e dar seguimento ao tratamento do doente. Fui lá com a carta e ela marcou o domícílio para 18 de Março. Já meu pai estava muito mal e internado no hospital. E depois ainda me telefonou a insultar-me porque eu não avisei e ela foi lá a casa, e ninguém lhe abriu a porta. Naquela altura eu já me lembrava lá que ela tinha marcado um domicilio para aquele dia. Meu pai estava a morrer.
Por isso eu penso que não tem a ver com o sistema em si mas com os profissionais que lá estão.
Um abraço apertadinho e muita força amiga.
Oferece-lhe a minha solidariedade.
E não desista, não é culpada de nada, normalmente descarregamos em quem mais amamos.
Continue a acreditar
Beijo grande
Marina
Olá Franky, não leve a agressividade dele a peito, normalmente estes doentes reagem, dessa forma, pense que não é ele a falar.
Os médico já ponderaram a hipotese de ele estar com uma depressão, e daí o comportamento dele, isolando se, digo isto, porque no meio da luta, o meu pai entrou em depressão, comecei a vê lo decair, pensei este não é o meu pai.... fiquei de plantão no hospital até entrar a medica dele, ele concordou comigo, que talvez ele tivesse fcar deprimido, é normal esta situação acontecer, começou ser medicado e lá foi melhorando, a força dele voltou....
Franky, permita me que lhe diga uma coisa, quando estamos nestas andanças, nem sempre temos de ser politicamente correctos, tudo o que consegui de assistência para o meu pai, foi com muita luta, muita discussão e só para ter noção do meu desespero, cheguei a ameçar porrada a um segurança que não me queria deixar entrar e ir á procura da médica, quero com isto dizer, não aceite um não.... fique de plantão no centro de saude, a medica vai ter de falar consigo, nem que seja no corredor, não desista, quando lhe dizer que não é possivel.... tudo é possivel, depende da nossa garra... sei que a têm... use-a.
Não se incomode, se achar que até nem está a ser correcta, em situações extremas o que importa é o resultado... quero dizer que se tiver de dar dois gritos para ser ouvida.... dê três.
Continue com força.....
E não se esqueça, como dizia o meu pai.... " Em tempo de guerra, não se limpa armas... "
Beijos, estou por aqui.
Vanda
Bom dia!
Não tenho tido muito tempo livre, por isso ainda não tinha tido um bocadinho para vir aqui agradecer e responder às vossas dicas e amizade.
É assim, eu não fiquei zangada nem aborrecida, quem me conhece bem sabe que eu levo a vida sempre a sorrir e quanto mais dura ela é, mais eu lhe tento dar a volta. Sem fraquezas, sem desistência. Mas por aqui o sorriso não se vê e eu por vezes não sei escolher as palavras adequadas para as respectivas situações.
O que se passa é que eu não estou a estender muito bem o que se passa com o meu marido.
A doença é grave, disso ninguém tem dúvidas, mas há ali, estou quase convencida disso, uma grande depressão. Ele já não estava a lidar muito bem com esta situação, sempre habituado a viver a vida a 200%, de repente está limitado a vive-la a50% e isso inconscientemente ele não quer. Ficou muito pior desde que teve uma conversa com a médica do hospital que lhe disse, preto no branco, as hipóteses que tinha de viver e a gravidade da doença em si. A intenção foi das melhores, mas neste caso não funcionou, fechou-se e recusou-se a viver nestas condições. Consegui arranjar uma psicóloga em Santa Maria, mas ele não vai, como é natural. Já consegui um antidepressivo e vou tentar ver se isso resolve um pouco a situação.
Aflige-me muito ver uma pessoa neste estado, agastada e desiludida, sem apego nenhum à vida. Mas como eu sou chata vou mover montanhas e conseguir alcançar pelo menos uma vida menos dura para ele e para mim consequentemente, claro. Prometo
Beijinhos a todos e uma boa semana
Franky,
Um abraço cheio de força para ti e outro para o Rui.
E apesar de ser uma batalha dura, a ESPERANÇA é a última coisa a perder!
Beijinhos.
Franky
Se me permites chamo-te a atenção de que qualquer anti-depressivo tem reacções por vezes estranhas.
É normal, contudo.
A depressão que o Rui apresenta surge na sequência da sua situação.
É ela (depressão) que o está a empurrar contra a parede.
Beijinhos
Olá Jon
Recebi esses abraços. Obrigada amigo
Um beijinho
Olá Observador
Pois esse é o meu receio, não é fácil lidar com uma depressão e com as suas consequências.
Mas para isso tenho o apoio de médico clínica geral e da psicóloga. Vamos ver se há mudanças significativas.
Um beijinho
Passei só para lhe enviar um beijo cheio de força.
Vanda
Beijinho recebido amiga Vanda, receba outro em troca e obrigada.
O Rui tem estado estes dois dias cheio de dores, nada as faz amainar!
Estamos sem dormir à duas noites, vamos ver o que nos espera hoje. É desesperante, não poder fazer nada.
Linda Franky, é realmente desesperante, mas sabe uma coisa... aquilo que você pode fazer, já esta a fazer, estando aí, lado a lado, para o que der e vier, com a sua força.
Beijos para ti e abraço apertado para o Rui.
Vanda
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