Em declarações após a corrida que o atleta do Sporting concluiu no sexto lugar, com a marca de 10,10s (bem longe do seu recorde europeu de 9,86), Francis, 29 anos de idade, disse que a decisão de abandonar o atletismo não é de agora e pediu desculpa aos portugueses por não ter conseguido chegar à final do hectómetro nos Jogos Olímpicos de Pequim.
"Não quero dar desculpas, foi um momento baixo. Não consegui estar na final, sei que em Portugal todo o povo me estava a apoiar. Não sei o que se passou, mas não consegui acelerar", disse o atleta, depois de ter falhado o apuramento para a final, que foi dominado pelo jamaicano Usain Bolt com a marca de 9,85s (a um centésimo de segundo do recorde olímpico, na posse do canadiano Donovan Bailey). "Não estava cansado, porque no aquecimento estava bem. Essas coisas acontecem. Mais uma vez houve falsa partida, mas não quero dar isso como desculpa. O problema foi não ter conseguido acelerar e o arranque foi muito lento. A culpa é minha", assumiu Francis, natural da Nigéria e que obteve a nacionalidade portuguesa em 2001.
Francis agradece aos portugueses
"Quero agradecer aos portugueses, porque toda a gente vê as minhas provas e quero pedir desculpa, porque estão a pagar para eu estar aqui e não consegui chegar à final. É um momento mau, porque esse é o meu trabalho. Queria dar pelo menos a final. Sinto-me na obrigação de pedir desculpas, porque esse é o meu trabalho e pagam-me para fazer isto. Deixei o meu país ficar mal." O velocista, que foi medalha de prata em Atenas 2004 na mesma distância dos 100m, aludiu ainda a problemas físicos para justificar o fim da sua carreira. "A vida continua e vou deixar o atletismo já. Não vou aos 200 metros. Foi a última corrida. Porque já não preciso e tenho muitos problemas nos joelhos, mas não é desculpa. Já estou há 14 anos no atletismo e é o momento de sair", sublinhou, insistindo que não abandona por não ir à final. Agora, "vou ver a minha mãe e descansar, e fazer outra coisa. Não sei se faço mais algum meeting. Neste momento na minha cabeça está decidido. Não abandono por não ir à final".
Olhando para a sua carreira, o velocista lembrou que conseguiu "todas as medalhas que existem". "Já ganhei em Jogos Olímpicos, em Campeonato da Europa e do Mundo. O importante é que os jornalistas e o povo me apoiaram nos momentos baixos. Estou contente."
Sobre o seu futuro, anunciou que pretende dedicar-se à sua fundação que "está a correr muito bem". "Quando voltar [a Portugal] vou de férias e pensar no que vou fazer. A minha mãe e o meu pai vêm a Portugal e se ela gostar podemos ficar a viver em Portugal, depende dela", disse ainda.
"Usain vai ganhar facilmente"
Sobre a competição que está a decorrer em Pequim, Obikwelu comentou que para ele seria uma "surpresa se Tyson Gay chegasse à final, porque teve um problema grave nos campeonatos americanos".
"Usain Bolt vai ganhar facilmente. Asafa é meu amigo, mas não tem hipótese, porque Usain está muito forte. Não sei se vai pensar no recorde do mundo, hoje está a pensar em ganhar, porque o recorde já é dele. O importante é ganhar o ouro."
Há dias, em Pequim, Obikwelu fez declarações que transpiravam confiança. O atleta chegou mesmo a dizer que iria surpreender a concorrência.
"Sonhei com uma medalha, não tenho medo, só que a coisa não correu bem. Os outros estão muito fortes, não arranquei bem, tinha condições para estar na final, mas não consegui", lamentou, dizendo que o melhor momento da sua carreira "não foi ganhar a medalha, foi a forma como os portugueses me trataram quando cheguei a Portugal".
"Esse momento foi o mais giro, o mais espectacular. Há países, como a Nigéria, que quando não ganhamos uma medalha não ficam contentes, mas em Portugal o povo sempre me apoiou quando tive problemas", agradeceu o atleta, despedindo-se com uma promessa: "Agora vou gozar a vida."
Para mim e até agora, foi o único momento alto nestes jogos olímpicos de Pequim, um atleta pode ser Grande, nas palavras, nos sentimentos. Obikwelu soube-o ser!
E nós continuamos à espera de uma medalha!
2 comentários:
E um imenso obrigada, pelas alegrias que já nos deu, e pelo profissionalismo com que sempre representou Portugal
Um abraço
Sem dúvida Elvira, se bem que não gostei muito de ver na pista, o lugar dele vazio. É triste.
Beijinhos
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